Fomos evangelizando e o povo que seguia a palavra crescia rapidamente e em pouco tempo já não havia espaço naquele lugar. Então, na altura, ele solicitou um templo que pertencia a Igreja Católica lá na Boavista e a igreja Católica aceitou ceder o espaço, ficamos ali algum tempo, até que a Igreja Católica precisou reaver o lugar. A liderança do Ministério Maculusso, vendo a maneira como Deus o abençoava, porque a medida que ele evangelizava a obra ficava maior, decidiu que o melhor era dar autonomia. Nessa altura, foi dada autonomia ao Pastor Fernando Manuel Panzo, Pastor Adão Malúa e o Pastor Araújo. Então, ele conseguiu o terreno no Ngw-anhá, onde está hoje a Igreja Matriz do Ministério Ebenezer. Uma obra que não parou de crescer até aos dias de hoje, em que conta com milhares de membros em mais de setenta centros. Foi de facto um homem temente a Deus e cheio do espírito Santo!
R.S: Quando se fala da Mamã Constância, sempre se tem como referência os sacrifícios consentidos em prol do Ministério do seu falecido esposo. Fale-nos um pouco sobre esses momentos?
C.P: Os sacrifícios consentidos ao longo dos 43 anos em quem vivemos juntos, eu aprendi desde criança, porque vi a maneira como a minha mãe tratava o meu Pai, ela era o suporte Espiritual do meu pai em oração, jejum e conselhos.
R.S: Os pregadores que passam pelo altar do Ebenezer, falam sobre a unção que transborda naquele lugar. Qual é o segredo?
C.P: O Pastor Panzo, em memória, nunca deixou de buscar a Deus, ele e outros pastores faziam as vezes 40 dias fechados em oração e jejum, consagrando a igreja, o altar e o povo diante de Deus. Ele buscava muitas vezes ouvir a Deus, tanto que a planta arquitectónica desse coliseu do Instituto Bíblico de Angola (IBA) ele recebeu em oração no monte.
R.S: Como foram os últimos dias de vida do Pastor Panzo?
C.P: Antes da sua viagem para Portugal, ele reuniu os filhos e disse: ” Eu vou, mas não sei se volto, porque só Deus sabe o dia de partida de cada um. Pela maneira como me sinto, não sei se estarei de regresso, por isso, tudo o que eu vos dei, tanto na área Espiritual, como na área social, cada um segura, não deixem perder o que eu vos dei!”
Já em Portugal ele pediu o seguinte: ” Não quero morrer aqui, quero morrer em Angola. Chamou a mim e os dois filhos que estavam lá connosco e recomendou: ” Eu vou partir, o meu óbito não será em casa, porque tenho muitos amigos. Levem o meu corpo no Complexo Nacional, é lá onde se vai realizar o meu óbito, eu vou com Deus, eu vou com o Senhor, tenham Paz, eu vos dou a Paz, fiquem com a Paz do Senhor, eu vejo anjos, já vieram a minha busca.”
No dia seguinte, apanhamos o vôo de regresso a Angola, ele veio já deitado, conversamos apenas um pouco e quando aterramos em Luanda ele já não estava entre nós. Posso dizer que, ele partiu para a eternidade deixando paz e tranquilidade na família.
Entrevista: Gerson Santos/ José Kundy
Fotografias: Ailton Silva/ Kelvin Cardoso