O.J: Eu acompanho muito as redes sociais de Angola e principalmente da Assembleia de Deus, e uma coisa que me incomoda um pouco, devo dizer que é algo que vocês vivem hoje e nós no Brasil vivemos a há cinquenta anos, é que há uma parte dos jovens que distorcem a interpretação da Bíblia, uns por falta de tempo para buscar a realidade e outros por causa dos tais pais espirituais que eles têm mas que os pais nem os conhecem. Então, eu acho que a pregação está sendo feita de forma maravilhosa, o que se precisa é valorizar os mais velhos do país, a referência dos jovens Angolanos devem ser os mais velhos angolanos.
R.S: Acha que não é o mais ideal os jovens Angolanos terem referências estrangeiras?
O.J: Sim! Eu tenho certeza que as referências nacionais são suficientes para guiar os jovens e adolescentes num excelente caminho.
Homens como o Reverendo Alfredo, em memória, que orientou ao Pai Abraão que viesse a Luanda, homens como o Reverendo Francisco, Reverendo Troco Nunda, Reverendo Adão Malúa, Reverendo José Carlos, Reverendo Neves de Sousa, entre tantos homens, que Deus tem levantado e têm feito grandes coisas tanto na área espiritual como administrativa.
Então, no meu modo de ver, as grandes referências para os jovens Angolanos estão bem próximo deles.
R.S: Espera brevemente liderar uma igreja?
O.J: Cada um tem uma chamada, uns para louvar, uns para cuidar da igreja, outros para administrar e outros para pregar o evangelho. Eu fui chamado para pregar o evangelho e por agora Deus não acendeu a chama no meu coração de pastorear uma igreja, mas se isso acontecer e Deus me trouxer para Angola eu vou estar debaixo de um ministério que já existe, porque não vejo necessidade de um novo Ministério, já temos grandes Ministérios fazendo grande obras.
R.S: Como avalia o crescimento do Ministério Profético em África?
O.J: Angola tem o Brasil como referência de muitas coisas, e infelizmente algumas coisas que começaram no Brasil nós já sabemos o resultado.
O ministério profético, biblicamente falando, a profecia é a palavra de Deus. Eu penso que muitos dos novos profetas são mais ilusionistas do que profetas na essência da palavra. Porque na bíblia o profeta era usado por Deus.
Deus enviava o profeta Isaías para uma missão e ficava dez ou quinze anos sem chamá-lo para entregar outra missão novamente, mas os profetas actuais a cada culto têm oitenta profecias e no final sempre tem um envelope para que a pessoa traga uma oferta. Então, eu vejo que são profecias vinculadas ao interesse pessoal. Acredito que Deus usa pessoas e acredito nos dons espirituais, mas a maior profecia é a palavra de Deus.
R.S: Que mensagem quer deixar para os líderes religiosos angolanos, que têm um país maioritariamente jovem?
O.J: Acreditem na juventude, valorizem a juventude. Existe uma falsa mensagem que diz que os jovens são trabalho e trazem problemas. Não! Os jovens são a força da Igreja, o jovem contagiado pela palavra e pelo espírito Santo ele produz muitos frutos para a igreja, eles são o futuro da Igreja, então nós temos que semear neles.
Entrevista:Gerson Santos
Fotografias: Ailton Silva/Kelvin Cardoso